segunda-feira, 17 de setembro de 2012

'''-Calmaria & Paz Roubada-'''







Com uma Forte pontada em minha cabeça despertei, ainda Confuso e Cambaleante. Vivian ainda dormia tranquila e docemente. Lá fora o Mundo parecia em Paz, enquanto que a minha, me fora Tirada... Arrancada por Garras Dilacerantes. Violett que encolhia-se  entre nós a procura de aconchego e proteção, não mais se encontrava sob nossas ‘asa’. Não estava em nossa cama, e não estava ao redor... Chamei por ela olhando ao redor e não obtive resposta, ainda com a Visão turva e difusa e a cabeça pulsando, levantei-me cambaleante. Chamei por Violett mais uma, duas vezes e com a voz mais alta, meus chamados acabaram por acordar minha Amada, que prontamente pôs-se em pé sob um Espírito de Pânico. Sentimento que crescia descontrolado dentro de mim.
Uma gélida Brisa soprou um Aroma de folhas e petrichor, me apontando para um feixe de Luz que entrava pelo alçapão Aberto, por onde minha Pequenina teria saído ou sido levada.
Em meu Espírito era travada uma Brutal Batalha a não deixar-me ser tomado pelo Pânico ou qualquer Pensamento que pudesse agir a atrair o Pior. Minha Calma Forçada mantinha, Também, Vivian sob Controle. Juntos subimos à cozinha, juntos chamávamos por nossa Princesa, Clamando por uma Resposta e Juntos invocávamos Todo o Nosso Amor. Procuramos por toda a casa... E não a encontramos. Com mil e um pensamentos e possibilidades em mente voltamos dos quartos para o primeiro nível, onde, olhando-nos profundamente nos olhos inflamados por um choro contido, nos meus havia Dor, Pânico, nos de Viviam Desespero. Abri meus braços em Amparo, mal os havia estendido  e vacilei sobre o mesmo ponto quando Vivian chocou-se contra meu peito, em um abraço Profundo, comprimindo-me não somente a carne, mas, também o espírito. Seu choro rasgara-me a Alma. Tudo era quieto, uma Calmaria pesada e Infernal que nos Roubava a Paz em meio ao nosso Desespero... Ouvimos o barulho de folhas que rolavam pelo chão, vindas da porta arrombada pelo Vendaval, prontamente entendemos o que aquilo significava, Violett poderia estar perdida no bosque e correndo Grande Perigo.
Engolindo o choro e retomando as Forças e o Controle, Vivian pôs-se a correr em direção ao Bosque. Ao primeiro passo fora de casa o Sol Forte quase me cegara. O Céu era Nublado, mas, não Nebuloso, a Terra era Fofa e marcada pelos nossos passos.
-Violett! Filha!!! –Gritávamos para todos os lados, sem saber ao certo em que direção seguir.
Olhei ao redor e tudo era o Caos, nossa casa não havia sido revirada somente por dentro, mas, fora atingida por grandes galhos de arvore e em parte destelhada. A horta fora destruída, revirada; havia penas espalhadas onde o Temporal pôs abaixo o galinheiro; não se ouvia os porcos, de certo, mortos ou fugidos, nossa mula deveria estar a léguas de distancia. Mas, minha Atenção não era para Nada Material e Sim para algo Único.
Vivian estava em um Silencio Profundo olhando fixamente para o Bosque, varrendo cada centímetro com os olhos, girando sobre os calcanhares, era toda Atenção, posso afirmar que seus ouvidos poderiam auscultar até o menor dos insetos arrastar-se pela terra fofa e encharcada. Fechando os olhos, parecia Evocar algum Poder Materno. Despertando Repentinamente de sua oração, com Espanto nos olhos e um Sussurro nos lábios –Violett - Rompeu em disparada Bosque a dentro, rumo a Noroeste.... Seu Sussurro tornou-se um Clamor e por fim em Gritos.
-Violett! Minha Filha!!! Mamãe esta chegando, papai esta aqui.
Em Silencio eu Clamava ao Pai, para que estivesse ao lado de Violett, não houve resposta alguma, senão, um Calor que atravessou-me o peito e espalhou-se por todo o meu Corpo...
Enquanto corria Bosque a dentro, ignorava ervas e espinheiros e “ramo-secos rasteiros” *. Aos tropeços Vivian avançava ‘cega’, eu a seguia passos atrás, para ter um campo de visão amplo, de toda a situação, enxergando o mais longe possível. – “AAAALI, AAAALI”. – Guinchou uma Águia, que acima das copas cruzou sobre nós apontando o caminho logo à frente. Meu corpo Estremeceu, novamente aquele Calor percorreu-me, fazendo-me sentir um formigamento que se espalhou dos pés a cabeça, dando-me tempo para uma Postura Rígida e Firme quando por fim, alcancei Vivian e segurei-a pelo braço.
-Vivian fique Calma!. – Clamei. Ela avançou ainda por cinco passos, até que percebera a Intenção de meu Clamor. Calmamente aproximei-me  por trás dela, segurando gentilmente seus braços e sussurrando-lhe ao pé do ouvido, pedi-lhe calma.- Tudo ficará Bem! – Prometi-lhe beijando-a ternamente próximo ao pescoço, e comprimindo-lhe os braços em um incentivo a ser Forte. Deixei-a onde estava e avancei lentamente, parando para pegar, ao chão, uma fita de laço , enlameada, que Violett usava nos cabelos, a todo o momento, mantive meus olhos mais a frente, para o que havia mais adiante. Algo jazia morto, aos retalhos numa explosão de sangue e vísceras.
-Rafael!!! -Gritou Vivian com voz Tremula. Sem olhar para ela, fiz um gesto para que mantivesse a calma.
- É apenas um dos porcos. Violett esta bem, olhe lá adiante.
Mais um, dois, cinco, dez passos e parei com os olhos fixos em Violett a cinco metros de mim.
-Violett!? Querida, é o papai. –minha pequenina estava de costas para mim, agachada junto ao que parecia ser outro animal morto.
-Querida, você esta Bem?
Ela virou-se para mim, estava toda desarrumada, salpicada de lama e com Sangue pelas mãos, pela roupa, também rosto e cabelos.
-Violett!!! –Gritou Vivian avançando a passos largos, quando cruzava por mim segurei-lhe firmemente, ficou sem reação.- Solte-me! Minha Filha... Sua princesinha... – Ela esta bem. – Eu disse, pois, a pequenina tinha um Lindo Brilho de Inocência no olhar e um Largo Sorriso.
- Minha Filha!.- Argumentou Vivian tentando desvencilhar de mim
- Calma! Olhe! -Contra argumentei. – Fique Calma, Quieta! – Ordenei .
Ao meu comando, Viviam parecia não me reconhecer, pois, jamais usara com ela o tom Rude e Autoritário  que se fizera necessário naquele momento.
A figura aos pés de Violett visivelmente era uma filhote de lobo, avaliando pelo tamanho, quase adulto.
- Filha, esta tudo bem? Esta machucada? – Questionei-a de forma Suave e Confiante enquanto Lenta e Calmamente avançávamos, Vivian e eu.
- O que você esta fazendo Rafael? Pegue-a Logo, Amor... Meu Amado!
-Amanda minha, é um filhote de Lobo, aparentemente morto. Se assim o for, melhor, senão... Os Lobos jamais abandonam a Família, uma Matilha é Sempre Leal. Vamos com Calma.- Pé por pé nos aproximamos.
-Vem papai. Ela tá machucada.
Aquela Calmaria e falsa Paz que Pesara sobre nós era um Tormento, revirava-me o estomago. Deixei que Viviam seguisse a frente. Logo abriu os braços e Violett correu ao seu encontro, para os Braços e Abraços de uma Mãe Zelosa.
-Te Amo mamãe vamos cuidar dela, né? Ela é minha Amiga e eu gosto dela.
O animal respirava com dificuldade, tinha uma dilaceração sobre as costelas. Abracei e beijei a ambas, Vivian e Violett; que também era beijada por minha Amada, ao passo que percorria com as mãos todo o corpo da pequenina a procura de ferimentos.
-Você esta bem , minha Filha. Agora esta a Salvo, com a mamãe e o papai. Esta Segura.
- Vamos voltar, não é seguro que continuemos por aqui. –Sugeri. Assim que demos os primeiros passos a lobinha pôs-se a chorar e quanto mais nos distanciávamos, mais alto ela chorava. Violett também estava inquieta.
-Não, papai. Não! Ajuda ela.
- Acalme-se minha filha.- Apelava Vivian
A inquietude de nossa pequenina fez com que se desvencilhasse de Vivian, pondo-se de encontro a moribunda criatura, que parecia reconhecer e reagir positivamente ao toque de Violett. Acalmando-se.
-Amor, Rafa! Não podemos deixa-la solta. Venha Violett, - dizia enquanto puxava Violett pela mão, esta por sua vez negava-se relutantemente em prosseguir conosco, distanciando-se a loba chorava.
-Espere Vivian! Escute meu Amor. Temos que evitar mais e maiores traumas e estresse à Violett. A Matilha deve estar por perto e, voltando ou não, seria Cruel demais deixar a loba aqui, sem cuidado algum. Estando conosco, e ainda regressando ou não a Matilha, representará uma maior Segurança a nossa Família. Com alguma certeza posso lhe afirmar que as aldeias visinhas sofreram muito com a  tempestade, estamos desprotegidos com nossa casa arrasada, e com muito pouco para saque ou escambo. Levemos ela conosco.
-Você esta louco??? É um lobo.
-Sim, eu sei. Ainda é um filhote, esta ferida  e sem matilha, além disto parece gostar de Violett... Ela irá conosco ao menos, enquanto estiver Saudável estaremos livres da matilha (...) e quem sabe de possíveis saqueadores solitários... Então, que seja somente até que possa se virar sozinha.
- Você é um grande cabeça dura teimoso, mas, Confio em você.
Assim, com Viviam carregando Violett em seus braços e eu a pequena fera, voltamos para casa seguindo por uma pequena trilha, evitando os espinheiros, pois, passada a Tensão e Adrenalina os arranhões começavam a arder.
-Bem, é hora de trabalhar. – Disse Vivian mais calma, ainda que, escondendo por trás de um meio sorriso a Dor pelos estragos e Susto vivido. – Mãos à obra. – Vivian estava mais calma.
- Não! Você não... Eu sim. Leve Violett para o abrigo, fique com ela e descansem. Já se passou a manha, não há muito o que se possa fazer agora, logo a Noite Cairá. Vou juntar o entulho, escombros e Selar portas e janelas. Hoje, o trabalho é todo meu, pois, amanhã deveremos ir até a cidade para negócios e sondar os acontecimentos... Não é seguro que fiquem sozinhas por aqui. O melhor é que estejamos Juntos.

Havíamos perdido praticamente tudo... Nossa horta, animeis, a lenha estava molha, celeiro posto a baixo e casa revirada e parcialmente destelhada. Mas, estávamos bem e ainda tínhamos nosso armazenamento. Dei inicio ao trabalho com grande pesar por ver a tudo arruinado, nosso Templo de Paz e Conforto fora posto ao chão, mas nosso Espírito de Unidade e Fé, permanecia Inabalável. Veio a noite e reuni-me com minhas Amadas, que já haviam se banhado e preparado uma simples refeição com a lenha que mantínhamos em casa. A casa já estava com portas e janelas seladas, tudo as escuras, para não chamar muita atenção. Para nos aquecermos ascendemos as lâmpadas a óleo junto a nós no abrigo. Nossa estranha hospede fora acomodada na cozinha próxima a entrada do nosso abrigo, aquecida pelo calor de nosso fogão. Mais tarde após nossa refeição permitimos que Violett alimentasse  a pequena fera com lebres de caça. Difícil poder afirmar, mas parecia que Violett possuía um Grande Espírito de Cura, o que  fizera com que a Lobinha se habituasse rapidamente aos cuidados e carinhos de nossa Princesa.
Naqueles primeiros dias tratamos de reorganizar a casa, reforçar portas e janelas, e assim passaram-se três dias completos.





 




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